Há séculos, antes da colonização pelo homem branco, vivia na região do leste sul-matogrossense, onde hoje se localiza a cidade de Três Lagoas, a tribo indígena dos Ofaiés. Um grupo indígena da família Macro-Jê, os Ofaié descendem da civilizações indígenas do Chaco, na Bolívia. Constituíam-se de coletores, caçadores e pescadores, e eram nômades nas terras localizadas entre os hoje denominados Rio Paraná e a Serra de Maracaju.
A partir do século XVIII, a região de Três Lagoas e seus habitantes, os Ofaié, passaram a sofrer com as visitas dos bandeirantes paulistas, em excursões para reconhecimento de território. Já em 1829, uma expedição enviada por João da Silva Machado, Barão de Antonieta, e chefiada por Joaquim Francisco Lopes, visando a expansão dos campos de pecuária do vale do Rio São Francisco, atravessou o Rio Paraná e fez contato com os índios, que eram dóceis. Em 1830, foi a vez da bandeira de Januário Garcia Leal e outros sertanistas. Nessa mesma época, cria-se o arraial de Sete Fogos, hoje Paranaíba, ao norte da área de Três Lagoas, por José Garcia Leal, acompanhado de seus treze irmãos, suas respectivas famílias, empregados e escravos, fugindo de perseguições políticas. Pecuaristas então se estabeleceram, de lá, até o Rio Sucuriú, ao sul. Os nativos da tribo Ofaié, então, limitaram-se a viver entre o Rio Sucuriú, ao norte, onde se encontravam os pioneiros, e a região do Rio Verde, ao sul.
De meados do século XIX em diante, bandeirantes paulistas, que aos poucos se tornavam fazendeiros pecuaristas fixos, atravessaram o Rio Sucuriú e se estabeleceram na região de Três Lagoas, perseguindo e escravizando os ameríndios nativos. Os Ofaié, que já eram nômades, afastaram-se da região onde se intersectam o Rio Sucuriú e o Rio Paraná, refugiando-se mais ao sul, entre a região do Rio Verde, onde hoje se encontra a cidade de Brasilândia, e a Serra de Maracaju.
Com a implantação das propriedades e a fixação dos marcos de posse, às margens dos rios, os paulistas demarcaram áreas extensas, de tal forma que logo encheram de grandes latifúndios a região, Rio Pardo a dentro, no rumo do Rio Vacaria e do Rio Brilhante, local que tiveram de abandonar momentaneamente com a
Guerra do Paraguai. Com o fim dessa guerra, os sertanistas voltaram, reunindo o restante dos rebanhos e novos povoadores, que gradativamente foram espalhando-se pela margem dos ribeirões Palmito, Moeda, Piaba, Pombo, Campo Triste e Brioso. Em 1880 os principais proprietários de terras da região eram João Ferreira de Melo e Januário Garcia Leal, este último remanescente das bandeiras de penetração no Córrego da Moeda e no Taquarussu.
Na segunda metade da década de 1880, chegaram à região de Três Lagoas Protázio Garcia Leal, neto de Januário Garcia Leal e que se instalou na região da Piaba, às margens do Rio Verde, e Antônio Trajano dos Santos, que se instalou na região que chamou de Fazenda das Alagoas, em razão das três grandes lagoas ali existentes. Destacaram-se, também, Necésio Ferreira de Melo, fundando uma propriedade agropastoril que denominou Piaba, em terras banhadas pelo Ribeirão Campo Triste; Antônio Ferreira Bueno, em Serrinha, hoje Garcias; Antônio Paulino, também às margens do Campo Triste; e Luís Correia Neves.
Desta forma, quando em 1909 chegou a ser fundado o acampamento dos engenheiros às margens da Lagoa Maior, na Fazenda das Alagoas, onde hoje é Três Lagoas, devido à construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, os Ofaié há quase duas décadas já haviam deixado o local. Em 1910 foi motivada, pelo acampamento de engenheiros, a edificação de várias moradias, desenvolvendo um novo povoado. Já então, a região recebe o influxo de outros migrantes, como o mineiro José Silvério Borges, os baianos Jovino José Fernandes e Francisco Salles da Rocha e o sírio Martinho Rocha.
O distrito foi criado pela lei nº 656 de 12 de junho de 1914 e o município foi criado pela lei nº 706 de 15 de junho de 1915. Comemora-se, em 15 de junho, sua emancipação política.
Durante a ditadura militar, o município de Três Lagoas foi considerado "área de Segurança Nacional". Sendo assim, seus prefeitos eram indicados pelo Governo Federal, e, não, eleitos. Os treslagoenses somente voltaram a eleger seus prefeitos em 1985.
Três Lagoas é um coração que pulsa forte no lado oriental do mapa sulmatogrossense. Aquela “quase vila” dos primórdios, que mais se parecia com uma donzela acanhada a se banhar na beira do rio, hoje é uma cidade fadada ao crescimento, já que assumiu definitivamente o seu perfil atual de mulher madura, batalhadora e determinada a ir à luta para conquistar o pão de cada dia.
Se a Três Lagoas de hoje é o sol nascente das oportunidades, em outros tempos a pujança da cidade caminhava no ritmo natural das coisas da época: com a vagareza das reses na invernada, com a sutileza metálica dos trens manobrando nos trilhos, com a calmaria insipiente das lagoas onde balança o junco e no ritmo ingênuo da prosa entre comadres, cada qual debruçada no seu portão. Enfim, naquele tempo era o tempo que mandava nestas paragens. Sonhar era possível, impossível era ter pressa.
Nos anos que se seguiram a 1880, o desbravador Antonio Trajano dos Santos, ao lado dos Neves, dos Leal, dos Lopes, dos Queiroz e de outros destemidos pioneiros que fincaram o pé neste chão no princípio de tudo, fecundaram no ventre dos seus sonhos o embrião daquela que hoje é a nossa vigorosa Cidade das Águas. E ao estabelecerem o povoamento desta região, nossos pioneiros implantaram a criação extensiva de gado - marco histórico da economia local até os dias de hoje - e depositaram todo o seu empenho e bravura na esperança de um futuro grandioso.
Aos poucos, além dos paulistas, mineiros, goianos e nordestinos, foram se “aprochegando” os portugueses, os espanhóis, os italianos, os sírio-libaneses, e a cidade foi ficando assim, com este jeitinho de mãe que não nega colo a filho nenhum.
No alvorecer do século XX, a estrada de ferro NOB (Noroeste do Brasil) veio rasgando o interior do planalto paulista, trazendo gente, trazendo riqueza, trazendo cultura e avançando rumo a Três Lagoas, numa espécie de revolução sobre trilhos que modificou tudo por onde passou, inclusive aqui. Qual dos filhos desta cidade não ostenta orgulho pelo esforço dos homens e mulheres que nos precederam e que trabalharam sob sol e chuva para nunca deixar a Maria-Fumaça se atrasar?
Essa foi a grande saga dos heróis ferroviários, aqueles que nos trouxeram vagões e mais vagões de novidades. Esse foi o segundo motor a impulsionar a locomotiva da história de Três Lagoas na direção do futuro. Esse foi o ponto exato que culminou com a emancipação política e administrativa deste município através da Lei Estadual nº 706 de 15 de junho de 1915, data máxima da nossa Terra-Mãe.
Trenzinho vai, trenzinho vem, até que na década de 1960 uma terceira etapa do progresso treslagoense se anunciou: a construção da Usina Hidrelétrica Engenheiro Souza Dias - Jupiá - a terceira maior hidrelétrica do Brasil. A grande mão de obra necessária para a realização desse sensacional confronto entre o homem e a natureza, atraiu forasteiros formidáveis para estas bandas. Eis que, após o término desse grande feito da engenharia brasileira, muitos desses trabalhadores acabaram se somando à população local e fortalecendo ainda mais a riqueza e a diversidade do nosso povo.
Já nos anos 1980, com a cidade obstinada a ser um pólo de desenvolvimento regional, e antevendo uma nova onda de crescimento econômico, Três Lagoas passou a receber o plantio de eucalipto, numa aposta ousada na possibilidade de industrialização maciça deste município – especialmente na produção de papel e celulose.
Ao final dos anos 1990, com uma grande diversidade de indústrias aportando em solo treslagoense, e com a floresta de eucalipto avançando sobre as áreas pastoris, a cidade reafirmou suas pretensões desenvolvimentistas e passou a se destacar no cenário nacional, não só pela produção de gado de corte, mas também pela abertura de novas fronteiras econômicas, ultrapassando assim a casa dos 100 mil habitantes, e com ilimitadas previsões de crescimento. Foi assim que o Parque Industrial verticalizou a economia e a paisagem plana da cidade. Foi assim que o eucalipto elevou aos céus o verde rasteiro das antigas pastagens.
Já no decorrer do século XXI e caminhando a passos largos na direção dos seus 100 anos de história, Três Lagoas chamou para si a responsabilidade de ser um dos municípios que mais crescem no Brasil. Mas isso não é tudo. O povo treslagoense mostra-se preparado e convencido de que não é hora de se acomodar, mas sim, de revigorar os esforços para superar os desafios que só aumentam, pois Três Lagoas insiste em continuar crescendo.

Junte-se a nós e venha sonhar. Três Lagoas é uma porta aberta para o futuro. Se você ainda não conhece, venha ver para crer. Visite3lagoas. Aqui é o lugar certo para quem quer crescer e aparecer.
Autor: Renée Venâncio